A performance “Grands Brûlés” representa a criação de um momento hipotético de cura para as árvores que foram e ainda são queimadas pela ganância humana.
O material utilizado para a performance “Grands Brûlés” consiste em alguns pedaços de madeira calcinada coletados na Montagnette, algodão, esparadrapo, potes diversos, terra preta, mato e folhas secas coletadas na île de la Barthelasse.
Refletir sobre o que me levou a pegar os pedaços de madeira calcinada já é uma questão intrigante. Quando cheguei à área do incêndio na Montagnette, não sabia se sucumbia à tristeza ao ver o resultado do fogo no espaço ou se coletava imagens para mostrar ao mundo o quão devastador é o que nós causamos à natureza.
Senti-me impotente diante daquele espetáculo pós-calcinação. Silenciei-me… Refleti sobre como podemos mudar o mundo. Questionei-me. Então, filmei o máximo que pude, registrei a ausência de vida, mas também a luta para ressurgir em meio às cinzas.
Foi impactante ver os animais voltando ao seu habitat e o reflorescer das plantas nativas. Interessante, mas a vida insiste em resistir. Assim, senti-me autorizada a ir além e coletar as madeiras calcinadas. Elas ficaram por um mês e meio na minha sala de estar. Pensei, pesei, refleti e bolei uma ação.
A cada dia, fica mais claro que todo o impacto da má preservação sofrida por anos pela natureza está perceptível em nosso cotidiano. Desaparecimento de espécies animais e vegetais, aquecimento global, prolongamento das estações anuais em alguns lugares – tudo são demonstrações da ação desmedida do homem.
Sinto que preciso fazer mais, eu, Amélia. Ao mesmo tempo, me pergunto por que o ser humano precisa sempre de mais? A ganância humana é a responsável por isso.
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